Das coisas que me dá mais prazer quando vejo uma feira do livro ou de antiguidades, é procurar nos alfarrabistas ou uma tenda de livros em segunda mão, e investigar livros de medicina tradicional, as chamadas mézinhas. Adoro ler acerca do assunto, até porque eu sou muito a favor da cura pela alimentação. Hoje em dia o conhecimento médico atual com o conhecimento antigo, que tem sido atualizado com investigações, permite nos (ou deveria nos permitir) ter uma saúde óptima. Para além disso tudo, adoro divagar acerca de quem, nos tempos primórdios, lembrou se de pegar numa planta sabendo que também há plantas que fazem mal, e viu que aquilo acabava por apaziguar uma dor de cabeça, tirava dores de dentes ou fazia bem ao estômago.
Para quem adoro infusões e chás, então este tipo de assunto é óptimo!
Fernanda Botelho, que eu erradamente andava a divulgar que era bióloga, formou se como educadora no método Montessori, entre outras especializações, que conjuntamente com o gosto por fotografia e a experiência de trabalhar numa ervanária, levou a que quando regrasse a Portugal, mudou os canteiros das escolas de Portugal e deu formação a pais e professores acerca de ervas medicinais e autóctones de Portugal. Algo que por acaso já me tinha passado pela cabeça sabiam? Já tinha tido a ideia, há uns anos de abrir uma espécie de jardim de infância, em que a ideia seria as crianças serem auto didactas em trabalhos manuais, aprenderem a cultivar e identificar espécies autotones, aprenderem como gerir o nosso espaço exterior, como o respeitar e como o proteger. Para mim é uma falha na educação de Portugal, em várias das vertentes, porque para mim os Escuteiros é o cúmulo dessa falha (para mim um escuteiro tem que ser como os Americanos).
A minha tia que me conhece como a palma da minha mão, deu me este livro "Uma mão cheia de plantas que curam" e adorei! É um livro de fácil acesso, de leitura rápida, e que aprendemos tanto sobre aquilo que pode estar no nosso canteiro ou fora da porta. Mesmo eu que já li alguns livros sobre o assunto, nunca vi um livro com informação tão completa. Geralmente este tipico livro de aplicações medicianais de plantas, acaba por ter uma ilustração da planta, que é representativo, mas a fotografia dá um apoio visual essencial; e conjuntamente com a ilustração é só um paragrafo com a descrição da planta e outro com a aplicação dela.
Mas este livro é bom por várias razões. É um livro onde nos estão descritas 55 plantas, que são nativas de Portugal o que por si na minha opinião é uma mais valia, pois é aquilo que temos à nossa mão, que não é pouco. Depois, Fernanda fala dos seus constituintes bioquimicos, explica a anatomia e distribuição da plantas e as suas aplicações, mas nas várias áreas: medicinal, cosmética ou culinária. Até fala das lendas e mitos, e do passado histórico e cultural da planta.Para mim só tem uma pequena falha mas que não é o intuito deste livro, é mais pela curiosidade, facilmente uma página a resumir isso resolvia o assunto. A autora fala de técnicas como emplastro, ou infusão ou etc. Era interessante saber para cada planta, qual a melhor época para retirar, como secar melhor, ou como fazer o emplastro, etc. Mas já tornaria a obra muito extensa.
Para quem gosta de jardinagem este livro também é interessante porque ela também fala das sinergias, e entropias, que cada planta pode ter no nosso jardim. Para os amantes da fitoremediação como eu, vão gostar, principalmente quando estão a ler acerca de plantas que têm em casa e podem ajudar as vossas culturas.
Todo este conteúdo, é nos debitado de uma forma quase intíma, como se estivessemos no nosso jardim a passear e Fernanda estivesse ao nosso lado a falar e a mostrar nos ao mesmo tempo as plantas.
Querem saber quais as imensas aplicações que a Camomila, que cresce em qualquer beira de terrenos em Portugal? E a beldroega, que é tratada como uma daninha? Têm problemas de estômago ou então de dor nas articulações? Não imaginam quantas plantas facilmente mantidas em casa vos pode ajudar nisso. Até uma receita ou duas de comida tem, e ando para fazer uma, biscoitos shortbread com lavanda. Mas agora de dieta não dá mesmo! São só 15 dias os dias mais restritos portanto passa rápido.
Este livro tem uma pequena história. Andava com esta BD à algum tempo debaixo de olho. Mas quando fui a Lisboa, à feira do livro ia focada. Como já comentei bem me valeu o foco que saiu tudo pela culatra, e este livro foi nada mais nada menos que um desses exemplos.
Graças ao mundo da literatura, A Outra Mafalda e a Olga, entrei na feira convencida que é hoje, é hoje que trago o Descender comigo, não vale a pena olhar para outras B.D's, Sofia hoje só trazes o Descender. Bem, cheguei a uma banca só de B.D. e que sonho, tanta B.D. mas eu, firme, Sofia só Descender. Raios parta que o Harrow County estava perto do Descender, e a coisa ficou dificil. Não só era mais barato como, Mike Mignola, o Mike Mignola diz que é uma óptima história. E quando o Mignola diz que é assim, eu confio. Bem lá ficou mais uma vez o Descender e veio o Harrow County. Só li o primeiro livro, e estou arrependida de não ter trazido dois, porque lê se rápido e queremos saber mais!
É a história de Emmy que vive com o seu pai na quinta. A aldeia é pequena, e calma, mas rodeada de mistério, como os perigos que existem na floresta. No seu 18º aniversário, a população decide que tem de matar Emmy- é que ela nasceu de uma árvore onde há uns anos a mesma população daquela terra matou uma bruxa que salvou muitos doentes mas também pactuava com demónios.
A história tem mais que se conte, e o ambiente escuro, perverso e assustador é qualquer coisa. O trabalho de aguarela é basante apetitoso e perfeito tendo em conta a atmosfera carregada e escura que era necessário criar.
Sendo recomendado por Mignola, só podia ter esta índole de mistério sobrenatural, com um tendência perversa. Sangue, sacrificios, mortes, etc. Mas com o tema bruxas, e pacto de demónios dá um certo requinte. Suponho que a continuação da história vai se ser o debate interno de Emmy entre o que é herança e o que é ela. Ao mesmo tempo que tem de lutar contra os preconceitos. Tudo o que gosto: sobrenatural, bruxas, aguarela, debates internos. Tenho que ler mais sobre esta pequena aldeia gótica com bruxas.
Antes de me alongar, tenho que apresentar uma errata ao último post "o que tenho lido". É que o livro que li para o desafio 365 dias com Poirot e Marple, vou colocá-lo no desafio do Book Bingo Leituras ao Sol 2. É a minha primeira leitura e a minha primeira alteração à TBR. Vai contar para a categoria "Livro que tenha sido publicado há mais de 10 anos". A data de lançamento de "Os crimes de Abc" é de 1936, logo penso que entra bem nesta categoria.
Regressando ao título do post (que esteve para ser um vídeo mas com a minha timidez gigantesca e complexos desisti) e dentro do tema Book Bingo Leituras ao Sol 2, li para este desafio o clássico de ficção cientifica "Um estranho numa terra estranha" vol 1 de Robert Heinlein, pertecendo à categoria "Prémio Literário Estrangeiro". Robert Heinlein com esta obra obteve os prémios Hugo Award for Best Novel (1962) e Prometheus Hall of Fame Award (1987).
A leitura deste livro também contou para o desafio 101 livros de fantasia e ficção cientifica.
Resumo:
Há vinte e cinco anos, a primeira missão a Marte terminou em tragédia e todos os tripulantes morreram. Mas, na verdade, houve um sobrevivente. Nascido na fatídica nave espacial e salvo pelos Marcianos que o criaram e lhe ofereceram uma nova vida, Valentine Michael Smith nunca viu um ser humano até ao dia em que é descoberto por uma segunda expedição a Marte.
Ao regressar à Terra, vê-se pela primeira vez entre o seu povo. Começa então um percurso de aprendizagem dos códigos sociais e preconceitos da natureza humana, totalmente alienígenas para a sua mente. Nesse processo de descoberta e integração, Valentine irá partilhar com a Humanidade os rituais sagrados que aprendeu em Marte e retribuir com as suas próprias crenças sobre o amor e o sentido da vida. Mas conseguirá alguma vez deixar de se sentir um estranho numa terra estranha?
Tenho uma relação bem estranha com este livro. É só o volume 1 da história mas acho que tem alguns plot holes. Contudo o que me desiludiu mais foi que eu tinha uma ideia errada da acção, que me criou expectativa e me desiludi a ler a história.
Valentine regressa ao planeta terra com segunda expedição a Marte. Depois de todos os aparatos com ele porque tendo nascido e desenvolvido num planeta com baixa gravidade, regressar à Terra com 1g é necessário preparar o corpo para isso. Então Valentine vai para o hospital onde fica isolado. Todos pensam que o isolamento é meramente cuidar bem de Valentine, mas é aí que Ben Caxton e Jill entram, pois compreendem que existe todo um interesse por parte do Governo: é que até aquele momento nenhum país tinha pretensão sobre Marte, e Valentine tendo em conta toda a buracracia realizada na primeira expedição é como se fosse o dono de Marte.
Depois de algumas artimanhas, Valentine é salvo por Jill e acabam na casa do Jubal, local onde vai ser colocado em trânsito um plano para conseguir dar os direitos todos a que Valentine tem.
Ao longo deste percurso Valentine é arrastado como uma criança inocente, aceitando as coisas. E é neste pequeno pormenor que me encantou a história. É que toda a experiência de ensinar Valentine, os conceitos e preconceitos da sociedade humana, e conseguir ensinar a aplicabilidade nas situações corretas, numa mente tão inocente, tão simples e tão bondosa, gerou diálogos que chegam mesmo a dissertar sobre a nossa condição humana. Tem diálogos lindos. Aliás, metade da história neste livro são diálogos acerca de Valentine ou sobre o seu passado (que se fala muito, muito pouco), ou sobre toda a burocracia que o levou a ser uma peça puzzle chave (que nalgumas vezes não entendi porque eram conceitos tão intrinsecos à história que não percebia a sua aplicabilidade), ou então trocas de experiências e aprendizagem com Valentine. Tudo isto ocorre basicamente em três cenários:: o hospital, a casa de Jubal e o local final onde acontece a conferência. As personagens são fantásticas: não há cá muita complexidade, excepto talvez em Jubal, mas a verdade é que toda a dinâmica gerada entre eles é fantástica. Adorei a personagem de Jill, que no inicio pensei que não me ia aquecer nem arrefecer, mas surpreendeu me bastante ao longo da história.
Tem alguma intriga esta história, o que seria de esperar quando temos Governo com interesses próprio.
Dei três estrelas, no entanto sei que esta história merecia mais, até porque eu gosto quando a história andar a roçar ali nos conceitos de ética. Mas não consegui abstrair me das coisas que me faziam falta. Senti falta de um pouco de acção ou pelo menos de uma narrativa mais acelarada, precisava de fechar umas ponta soltas. Quero ler, sem falta o segundo volume para tirar as teimas acerca da história.
Quem já leu qual a vossa opinião? Preciso de discutir o livro com alguém porque li este livro numa fase de cansaço e tenho medo de não ter aproveitado o livro como devia ter aproveitado.
A leitura de Maio/Junho do Clube dos Clássicos Vivos, foi " A volta ao mundo em 80 dias" de Julio Verne. Votei neste clássico, pois há muitos anos que o queria ler. Foi uma leitura agradável, sem dúvida, no entanto desiludiu-me. Por alguma razão tinha ideia de que seria uma viagem emocionante e linda pelos diversos aromas, sabores e cores do mundo. Mas acabou por ser um sem fim de mudanças de veículos sem qualquer tempo para ver o que se passava ao redor, e com muita pouca emoção pelo meio. É um livro que fez um bom balanço entre demasiada descrição - demasiado lamechas. Mas o resultado foi uma linha de narrativa, que não nos aquece nem nos arrefece.
Phillea Fogg é um gentleman no sentido lato da palavra, é um inglês no sentido nato da nacionalidade: ele não tem qualquer sentimento e quando tem, não conseguimos prever nenhum alteração quimíca no corpo dele que nos mostre um fenótipo emocionante. Como tal, quando assistimos à discussão que gera a aposta em que como Philleas Fogg dá a volta ao mundo em 80 dias, vemos no discurso dele que aceita aquilo como um facto, como dizer que consegue tomar um banho em 5 minutos.
A aventura começa assim, pouco sabemos da vida de Philleas Fogg, mas também ao longo da história pouco mais ficamos a saber dele. Sabemos que é um homem em que o relógio vive segundo a vida dele, e rotina está lhe na alma, no sangue, em tudo. Acabamos por gostar mais do empregado que ele contrata no próprio dia em que sai para empreender na viagem que até aquele momento todos pensavam impossivel. Passpartout, é deveras a personagem querida e que nos dá alguma visão do que está a acontecer, e que nos consegue criar alguma ligação à história. Com isto Philleas Fogg com Passpartou de Londres, e viajam em direcção à India, onde acontece o primeiro percalço da viagem em que Philleas Fogg salva uma donzela da morte certa, e onde também entra no percalço deles o principal obstáculo deles, o antagonista, que pensa que Philleas Fogg foi o ladrão que roubou o Banco de Inglaterra. Com este grupo viajamos pelos mundo, em 80 dias, passamos pelos pontos principais da Inglaterra colonial, e é isto. É uma forma bem rápida de dar a volta ao Mundo. A leitura é tão fluida que facilmente vemos os pontos chaves de cada país, mas nada demais: sabemos que estamos na América porque o comboio é atacado por Índios, estamos na Índia porque andam num elefante, e no Japão porque o pessoal anda vestido de Kimono. As descrições do contexto do ambiente, falham. É óbvio que para um livro com esta história se fosse a descrever tudo como devia a coisa, não saiamos mais do sitio, e uma viagem de oitenta dias ainda parecia um ano. Aliás, nem é o intuito deste livro. É um clássico de aventuras, em que as personagens saltam de uma acção para a outra sem muita pausa.
Recomendo este livro no sentido de que é um clássico faz parte da literatura, e é uma leitura agradável. É um bom livro para levarem na carteira ou mochila, e lerem em locais que não estão muito atentos à história porque de facto não precisam de muita atenção ao pormenores: eles viajaram desta história.
Sinceramente,
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BLOGGER
Sou a Sofia Gonçalves. 29 anos. Curiosa sem fim, exploradora de livros, advogada de boa comida, gestora de estados ansioliticos, caçadora de sonhos, escriba escrava da palavras da minha cabeça, pajem dos meus animais.