O que tenho lido #5
Se gostam de mística, folklore, mitos, lendas e história de Portugal, este é o vosso livro. Adoro este tipo de literatura, em que entramos no cerne da imaginação dos nossos antecedentes, em que percebemos o porquê de algumas coisas que ouvimos e sabemos hoje em dia.
Vanessa Fidalgo, é uma boa investigadora e divulgadora do património oral português, que no meu querer, é um dos valores mais bonitos que temos. Não há ditados tão cantados como os nossos, não há mitos tão mimosos como os nossos. Autora de vários livros cujo principal foco é o patrimonio português ligado à imaginação e criação de história que vingaram e singraram ao longos dos tempos, sendo contadas de geração a geração, este livro era aquele que queria ler primeiro. Admito que foi mais por receio do livro acerca do Portugal assombrado mexer comigo, mas também porque seres mágicos é comigo: magia e mística chama a Sofia encantada que existe em mim.
O livro começa por um capítulo geral que faz uma pequena introdução da tradição oral, das raizes, de provas literárias, e de como foi realizada a investigação. Os capitulos seguintes referem-se a cada tipo de ser mágico que temos neste país, com uma breve definição do que é esse ser e qual a sua origem seguido por várias histórias e excertos reunidos. Temos capítulos com pouco desenvolvimento e temos capítulos com um número elevado de relatos.
Facilmente podemos observar que certo tipo de ser mágico apresenta histórias e mitos localizados somente nalgumas regiões de Portugal, como por exemplo sereias no Algarve e em Nazaré, ciclopes mais para a zona da terra seca, seres mais misticos e pequenos como duendes e fadas já aparecem muitos contos nas ilhas, lobisomens mais para o interior. E outros seres têm contos em quase todo Portugal, como mouras encantadas, diabo e bruxas.
Este tipo de literatura para mim é mágica, não só pelo seu teor mas porque reflete muito do que somos como seres criativos e da própria história do país, bem como contribui para a própria história: cidades e locais tem nomes em consequências destas criações. Gosto de pensar como se lembrou a primeira pessoa que viu um homem de transformar num lobo? O que se passou? Ou então quem se lembrou que as bruxas encontravam-se e deliciavam-se no auge da noite em cruzamentos? Conjugar o contexto histórico e geográfico até chegar à razão desta histórias é um exercicio bem engraçado. E não só, conseguimos criar histórias lindissimas. Tenho duas que me ficaram gravadas e li as mais que uma vez. Uma é acerca de um local perto de Viana, o Montedor, cujo nome vem de monte da dor, que é dado por causa de uma história de amor triste entre uma moura e um trovador cristão. O segundo conto é a história de amor entre dois gigantes que começa no Ribatejo e acaba nos Açores, acabando na criação da ilha de Santa Maria e da ilha de São Miguel.
Recomendo vivamente! È uma leitura rápida, e linda.
PS: Cláudia li no mês passado mas pode contar para o #lerosnossos?
Sinceramente,