Dêem-me fantasia ou ficção cientifica qualquer dia, que eu nunca digo que não. Fantasia é um género de leitura que na minha opinião ou é muito amado, ou é muito detestado. E para quem não gosta ou simplesmente nem lhe dá valor, de uma forma geral, considera o como leitura infantil, e a opinião mais vezes repetida é "porque não é de coisas reais". Vão me perdoar mas eu não considero isto de facto real. Se analisarem muitos dos livros de fantasia e os decomporem, vão perceber que para chegar àquela criação de um mundo nada real, foi preciso uma boa avaliação, análise e estudo do mundo real.
O fenómeno do género da fantasia tem como as suas origens nada mais como a nossa herança oral: todas aqueles histórias de "avós", locais, em que a imaginação, o medo e a necessidade de instruir os levou a construir uma ficção de algo que não era explicável e palpável. Os primeiros textos de fantasia remontam a séculos antes de Cristo e geralmente sempre interligadas com alguma religião. Por isso, este género está presente na nossa sociedade desde sempre. Ao longo do tempo, este género foi se mantendo e alimentado pelas mentes cuja imaginação criaram obras de arte que muitas delas conseguiram transpor os limares da memória, e permanecer lá. Vários temas são conhecidos por quase todos, mesmo para quem não gosto do género, não é verdade?
Vamos ver porque devemos mantar a tradição e ler mais fantasia:
Escape: Penso que esta é das razões que muitos associam este género a talvez uma infantalidade. Sim é um escape da realidade. Primeiro a vida já é tão difícil, não podemos escapar para um mundo que não este? E muitas vezes este escape noutro mundo, é uma procura interior para percebermos melhor este mundo: entender a premissa do héroi, as decisões que o levaram ali. O escape existe para toda a gente, mesmo os livros não fantasiosos como romances, clássicos, não deixa de ser um escape: um escape naquele mundo de ficção , numa relação de amor que desejavamos ter, uma vida de rico que adoravamos ter, ou em novelas ou programas da TVI.
Imaginação: E preciso usar a nossa imaginação para gerar na nossa mente aquele objeto ou mundo, cenário que nos estão a descrever e que nunca vimos nem sabemos como é. Esta habilidade vai nos fazer aumentar a nossa "ginástica mental", a nossa imaginação que pode ter muitas vantagens no nosso dia a dia, não só aplicando à literatura mas como em várias áreas no trabalho, na escola, etc. Como tal aumentar a nossa imaginação aumenta o nosso poder de criativade e abstração. Já repararam que muitos génios de áreas assertivas como matemática ou fisica lêem fantasia?
Magia: sim todos nós queremos algures na nossa vida acreditar na magia certo? Pelo menos na nossa infância acreditavamos que o Pai Natal fazia a volta ao mundo numa noite, que a fada ou um ratinho trocava os nossos dentes de leite por outro objeto, ou então outra situação caricata que não sabiamos como se descrevia e por isso aceitavamos a descrição que nos davam. A magia para mim é algo que ultrapassa o Pai Natal, um mago que lança bolas de fogo, ou uma bruxa. Porque já li vários livros, sei que a magia é mais que isso: a magia é algo que vem de dentro, vem de nós, vem da nossa força de acreditar, vem da nossa força de continuar em frente, da esperança. Não acabei de resumir também a filosofia de vida do positivismo?
Filmes que viram: muitos das adaptações cinematográficas que já viram com fantasia foram inspiradas maior parte por um livro de fantasia, que como um icebergue, o livro é a ponta fora da água, e todo o resto que não está à nossa vista, submerso. É mais, muito mais.
Nunca se sabe: as possibilidades de história são infinitas e nunca sabemos o que vai aparecer de novo. O limite é mesmo a nossa imaginação. Feiticeiros assassinos, dragões com medo de voar, nunca sabemos o que pode sair.
O sentimento épico: a sensação de conseguirmos criar empatia com um dos heróis e de viver naqueles mundos, dá nos aquele sentimento épico de que conseguimos tudo.
Penso que disse boas razões. Se ficaram convencidos participem no projeto da Raquel e da Mariana dos 101 livros de fantasia e ficção cientifica. Para mim são os meus medicamentos da alma, o meu regúgio nos dias de tempestade. São onde eu, Sofia, me encontro com todas as Sofias que já fui, porque todas sempre tiveram este gosto, esta paixão pela fantasia.
Dizem vocês que ela está louca, dois posts no mesmo mês de livros comprados, depois de ter dito que ia poupar? Yes, I have been a naughty girl.
Tem sido dificil resistir, tenho falhado neste ponto. Já tinha mencionado no post anterior que comprei uns livros a mais. Alguns era para as leituras que tinha de fazer, outros eram livros há algum tempo procurados. Outros... foram impulso. Em compensação. todos os livros desta lista, todos, são em segunda mão, foram comprados usados.
Como leitura do clube de leitura Companhia da Tinta, temos o primeiro livro da saga " As brumas de avalon" de Marion Zimmer Bradley, e por isso quis comprar. Contudo, não sou grande fã da edição recente da Saída de Emergência, e para além disso, na Wook que é onde costumo comprar, estava tanto esta edição como a nova esgotados! Nem procurei noutros sites, lembrei me de ver se tinha outra edição no Olx, e não é que encontrei numa capa que eu adoro , e logo o primeiro e segundo livro a um bom preço?
No desafio Sevenwaters, Março/Abril correspondiam aos meses para ler " O filho das sombras" de Juliet Marillier, o segundo volume da saga. E pela mesma lógica do livro para o clube de leitura lembrei me de procurar no Olx, porque não gostava muito da capa da nova re-edição. Encontrei a edição antiga em segunda mão, como novo! Nem dobras na espinha dorsal tem. Considero este livro um bom achado.
Estamos a fazer uma leitura partilhada de "O senhor dos anéis", e é um crime da minha parte ainda não ter lido "O Hobbit" de J.R.R. Tolkien. Vá, uma das minhas desculpas era porque nem sempre encontrava a edição em português da Europa-América, porque livros com capas de filmes, Sofia não compra, nah-ha! Decidi procurar só por curiosidade, com intuito nenhum de comprar, mas vi a edição que comprei a um preço bom e em boas condições, então foi impulso. Foi um impulso com anos de premeditação, posso resumir desta forma.
Os livros de compras de impulso mesmo foram os próximos. A Mafalda (pareço um pouco stalker mas ela costuma ter listas de livros que são bem ao meus gosto) mencionou num video há uns meses que este ano ia ler um livro do Pabre Brown. E, até como ando numa onda de livros policiais, pensei que gostaria pelo tema e o contexto. Por o acaso, encontrei estes dois livros vendidos num lote de livros de um alfarrabista no Olx. São dois livros que tenho alguma curiosidade para ler, pois é de um padre com uma aptidão para analisar a natureza humana algo que se diria que seria comum nesta profissão. Comprei então " A inocência do Padre Brown" e "O escândalo do Padre Brown" de G.K. Chesterton.
Por fim, comprei livros escritos por Philip K. Dick e da Ursula K. Le Guin da colecção Argonauta. Gosto destes livrinhos pequeninos com estas capas antigas. Os títulos comprados de Philip K Dick foram " Depois da Bomba", "A Arma Impossível", "O homem do castelo alto 2" (sim este foi uma compra ridicula não vi que era o 2), e "Os Jogadores de titã". Os titutlos da Ursula foram "Expulsos da Terra", e " O mundo de Rocannon". Foram por mera curiosidade, há bastante tempo que quero ler algo desta autora que faleceu este ano.
Embora tenha sido bem fora do orçamento penso que foram boas compras. Agora é ler tudo! Desta lista qual é o que vocês gostariam de ler? Vão participar na leitura do clube do livro?
Há desafios que fico contente por entrar, pois me completam de uma forma não esperada, e este desafio da Mafalda de ler ao longo de 2018 a série "Sevenwaters", foi um exemplo.
Já tinha ouvido falar muito de Juliet Marillier e desconfiava que ia gostar bastante das suas histórias e escrita, tento em conta as temáticas, como por exemplo "As Brumas de Avalon" é um dos títulos que já tenho na minha lista de livros para ler há muitos anos. Mas, como nos clássicos, tornou-se naquelas situações em que foi ficando sempre para trás porque havia sempre tempo para ler, e adiando, nunca mais li. Quando vi o desafio Sevenwaters, vi que conseguia conjugar a programação de leitura com o meu desafio dos 365 dias com Poirot e Marple, e o meu clube de leitura, então arrisquei. E, ainda bem!
Resumo:
"A Filha da Floresta é uma história do tempo em que a Irlanda e a Bretanha ainda não eram "uma só ilha", do tempo em que a honra era a razão de viver de muitos homens e também do tempo em que o amor entre irmãos vencia qualquer contratempo, derrotando quem os tentasse separar. Colum, senhor de Sevenwaters, tinha sido abençoado com sete filhos: Liam, Diarmid, os gémeos Cormack e Connor, o rebelde Finbar e o novo e compassivo Padriac. Mas Sorcha, a sétima filha do sétimo filho, única mulher da família e muito nova para ter podido conhecer a sua mãe, está destinada a proteger a sua família e a defender as suas terras dos Bretões e do clã conhecido como Northwoods. Após a chegada de Lady Oonagh, uma traidora que se infiltrou em Sevenwaters, bela como o dia mas com o coração negro como a noite, tudo mudou. Para alcançar o seu objectivo, enfeitiçou Lord Colum e transformou os seus seis filhos em cisnes, tendo ficado unicamente Sorcha. Depois de escapar ao poder da feiticeira, Sorcha refugiou-se na floresta, longe de casa para poder cumprir a sua tarefa e salvar os seus irmãos. Mas é, entretanto, capturada pelo inimigo, ficando assim todo o seu futuro nublado, uma vez que Sorcha irá estar dividida entre o mundo que sempre tomou como seu e um amor, que só aparece uma vez na vida."
Baseado nos conceitos dos contos de fadas, e na temática celta, Juliet Marillier com a sua "voz" gerou uma história com a estrutura dos clássicos dos contos de fadas. Contudo, as ramificações que crescem a partir da história inicial são tão lindas. Todo mistério, intriga e amor com a mitica celta como pano de fundo, tornaram este livro num dos meus favoritos.
É um livro que fiquei várias vezes com o coração na mão, em que gritava na minha mente Socha porque não grita, Socha como aguentas, não isto não vai acontecer, porque é que são tão maus?? Como num conto de fadas, a personagem principal tem que passar por algumas provas até terminar o desafio que tem de completar, até o desfecho final. Contudo ao longo da história penso que nos esquecemos que Socha é uma criança ou pré adolescente, e a escrita é tão envolvente que facilmente conseguimos nos abstrair do facto que a personagem principal não fala na maior parte do livro. As personagens que povoam esta história são completas, e facilmente conseguimos distingui-las como um ser distinto com as suas camadas. E mesmo assim várias conseguem nos surpreender. Várias personagens, principalmente do lado dos bretões, que tinha um julgamentos acerca deles acabaram por ser completamente diferentes daquilo que esperava.
A escrita é deliciosa. Somos facilmente transportados para aquela vida em comunhão com a natureza de Sevenwaters, e embora o ritmo inicial fosse um pouco lento antes do twist da história, consegue se perceber porquê. Para nos contextualizarmos naquele tipo de vida, para ver as diferenças que das mudanças impostas a Socha . Penso que foi aqui que Julliet foi maravilhosa e ao mesmo tempo cruel porque nos faz ver como as personagens estão bem, como são fortes, como aquela vida dentro dos possíveis corre bem, e de repente, o tapete é lhes retirado dos pés.
É um livro que nos faz sofrer e nos faz querer chegar ao final do livro. Mas ao mesmo tempo não queremos chegar ao fim para acabar com a história. Não, até porque eu ando há dias a sonhar com a história. Queremos chegar ao fim porque queremos saber como vai acabar. Os vilões vão ter o final que merecem? E os heróis, vão ser recompensados? Socha, depois de tudo o que sofre, merecia sem dúvida um fim bom mas à medida que lia pensava que não ia ter o final que merecia.
Se gostam de fantasia ligada à mitologia e natureza , e romances - aconselho vivamente!
"As Crónicas de Amindrus, Bérnia, e Efende - O Ressurgir dos Titãs" era um livro que há algum tempo desejava ler.
Faz algum tempo que não lia um livro de fantasia que me agarrava, que me dissolvia na história. R.C. Vicente criou um mundo de fantasia, com algumas influências externas, mas totalmente novo, etomologia de nomes novos, conceitos novos. Temos uma escrita orgânica, simples e bem definida, tão envolvente na história que nos absorve. Facilmente percebemos o que está no redor da história, o que as personagens sentem, personagens essas que são tão complexas, com camadas, que vamos desfiando à medida que a história desenrola.
O livro começa com uma descrição do mundo e da criação do mesmo. Esta parte é a que eu menos gostei e passo a explicar porquê: entendo a lógica da explicação de certos conceitos que aparecem na história, e conhecer toda a dinâmica. Contudo, o pormenor e a quantidade de informação é tanta que é complicado abstrair-mo-os e compreender toda a arquitectura. O mundo que a escritora criou é tão complexo e tão bem construido na mente dela, que é complicado compreender e absorver todo o detalhe.
A partir do momento que começa a história, é estranho os primeiros parágrafos. Conhecemos personagens novas, que inicialmente são descritas com o nome delas mais a linhagem onde elas pertencem, algo que no inicio é normal, é dificil de criamos empatia. Conhecemos a premissa onde vai girar parte da história. E quando tomamos consciência já estamos tão absorvidos na complexidade da história que faz parte de nós.
A intriga, a história de amor, a luta das familias, o preconceito, a mistica e a magia, embala-nos na vida de Maximiliano, Gabriela, Helena, Bóris, Daereque, entre outras.
Maximiliano é aquela personagem que primeiro estranhamos, e depois entranhamos. Deixem que vos diga, já não ficava fan girl de uma personagem há algum tempo. Apaixonei-me por Maximiliano!
E que final! Nunca diria que a história se iri desenvolver da forma como acabou.
Fico orgulhosa em dizer que temos bons escritores de fantasia portugueses, e a R.C. Vicente é um dos bom exemplos disso. Esta leitura foi outra participação no projeto #lerosnossos da Claúdia.
Sinceramente,
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Sou a Sofia Gonçalves. 29 anos. Curiosa sem fim, exploradora de livros, advogada de boa comida, gestora de estados ansioliticos, caçadora de sonhos, escriba escrava da palavras da minha cabeça, pajem dos meus animais.