Do Balanço
Quando olho para tudo o que aconteceu este ano, parece que o inicio de 2017 é uma ilusão óptica. Simultaneamente parece que ainda estou no inicio porque passou tudo tão rápido, mas à medida que desdobramos o tecido temporal, os eventos são tantos que o inicio parece uma miragem.
Não é tudo rosas. Tem dias que ainda estremeço, encolho, que tenho medo do que virá ( e do que não virá). Mas penso, e digo para mim várias vezes "Tu consegues". Tento aos poucos agarrar aquela Sofia que há uns anos vivia dentro mim. Quando me sinto perdida e não sei para que sitio me virar, penso com calma se este caminho não for certo, outro caminho aparecerá. Voltei a bons hábitos, a gerir o tempo, a fazer o que quero sem ter medo de falhar, e de me forçar a conseguir sem pressão. Tudo a seu tempo. Voltei a ler, a bordar, a escrever, a arraiolos, a caminhar, ao yoga, a ver séries (só me falta perder o medo de voltar a pegar no pincel). Voltei aos pequenos momentos que me dão sanidade, que me fazem respirar, sorrir, atrever-me a sonhar e lutar. Perdi o medo de mostrar o EU. Sim, não tenho medo de dizer quem eu sou em pleno pulmão, e sabem o que isso me tem mostrado? Que sou coisa que valha e que tem valor para outros.
Não é tudo rosas. Com a fase em que estou, um passo errado pode fazer o esforço ter sido em vão, mas eu não vou desistir. De tudo que tenho conseguido alcançar, aquilo que me mais me faz feliz, que me deixa finalmente com... esperança, é que ganhei VONTADE. Vontade de sonhar de novo, vontade de querer fazer, vontade de querer voltar à luta. Já não tenho medo de esperar que um dia talvez vá fazer aquilo.
Não é tudo rosas. Não correu tudo como esperava, aliás este ano tive muitas desilusões. Amigos que seriam amigos afastados, as expectativas no emprego não correspondem ao que eu esperava, e nem na saúde tudo se resolveu. Tinha ideias de neste momento, já ter resolvido muito dos problemas mas não consegui, estou a ganhar outras valências e outra forma de ver a vida. Consegui outras coisas melhores, e mais conseguirei. Sim posso dizer que tenho inveja quando ouço outras pessoas a falar, quando vejo o que têm no dia a dia. Mas depois olho para mim e penso "Ok não tenho aquilo: um emprego de sonho, hobbies de sonho, e uma vida feliz. Mas tenho o que eu sou e isso vale ouro". Não vou mentir, resolvia muito problema ter um emprego bom mesmo que isso implicasse trabalhar (perceberam?), mas o que tenho é bom, podia estar pior e mais tarde hei-de conseguir algo. Planos não me faltam, tenho é que os meter em acção. Quem sabe, depois de tanto plano falhado para um negócio próprio vou conseguir mesmo ter um que seja meu. Dizem " Quem muda, Deus ajuda", eu queria ajuda mas com as duas mão atadas não consigo. Mas eu hei-de dar um pé para me ajudarem a levantar nem que seja virado do avesso.
A vida é mesmo assim dá com uma mão e tira com a outra. Para quem lê fantasia, já ouviu muitas vezes a frase " A magia tem sempre um preço", e a magia da vida paga-se: se queremos ter luz na nossa vida, temos que ter escuridão à sua beira. É assim que tenho encarado as partes más da vida, como um jardim que quando deixado ao seu rigor, evolui num climax natural e desorganizado, confuso por vezes; mas quando olhamos a cada detalhe do jardim, está cheio de plantas fortes, perpétuas, robustas e delicadas, e autênticas e encontramos as flores mais lindas e raras que tornam aquele jardim único
Não é final do ano para estar a fazer resumo, mas tive mesmo que deitar cá para fora. Para o final do ano terei outro texto parecido.
Sinceramente,