O que tenho lido #18
A leitura deste mês do Clube de Leitura Companhia da Tinta foi "As brumas de Avalon - A Senhora de Magia" de Marion Bradley. Já queria ler este livro há muito tempo, até porque vi o filme estava eu na minha adolescência ou seja, há mais de uma década, e na altura achei uma história bonita e interessante. O poder do feminino sempre me atraiu, e neste livro o que não falta são demonstrações desse poder. O problema é que exatamente por já ter visto o filme, o factor surpresa desapareceu. Então foi mais uma lembrança do filme que outra coisa.
Esta história é um retelling se pode se usar este termo, da lenda do Rei Artur. Toda a mística que existe à volta dessa lenda está aqui: temos a famosa espada Excalibur, temos uma Senhora do Lago, temos Merlin, temos Guinevere embora com outro nome, temos os principais cavaleiros da Távola Redonda, e temos Morgaine. A história pode não ter muitos feitiços com com dragões e outras coisas que tais, mas a magia lá está. Está presente de uma forma tão natural, tão orgânica que facilmente faz parte da história e de todo o mundo. Estanto contextualizado no mundo Celta, esta mística ligada à natureza é tão facilmente compreensivel e facilmente percebemos.
Esta história começa ainda Artur não nasceu, aliás Artur é quase uma criança até 2/3 do livro. Começamos com a mãe de Artur, uma jovem de 18 anos, e com toda a máquina que vai entrar em acção para que Artur seja gerado e chegue ao trono de uma Britânia que começa a ser invadida em grande por uma nova religião que os romanos trouxeram: a religião Cristã. Esta religião é o total oposto da que até agora se tinha mantido. A mulher que até aí tinha um papel importante e de peso, passava a ser um objeto de pecado, que tem de se manter num canto e fazer filhos basicamente. Depois de cerca metade do livro que é do ponto de vista da Igraine, passamos para o ponto de vista de Morgaine, que sendo meia irmã de Artur, pertence à linhagem real de Avalon, e tendo o dom, vai para a ilha, para ser treinada como uma grã-sacerdotisa. E é partir daqui que a intriga adensa mais.
Para mim toda a história deste livro tinha tudo para me deixar encantada: Inglaterra, Celtas, femininismo, e fantasia. No entanto não mexeu comigo como estava à espera. Como mencionei, ter visto o filme e mesmo que há muito, tenho muitas lembranças. Então sabia os pontos chave da história e já não me surpreendia. A única coisa que fiquei surpresa no livro é como é Viviane, a tia de Morgaine e Senhora de Avalon. No livro é descrita como pequena, morena, fria mas ao mesmo tempo terna. Angelica Houston é tudo menos pequena.
O que mais gostei de tudo foi a escrita. Embora a edição que tenho tem bastante erros ortográficos, a escrita é facil, é fluida, não tem palavras ou comparações muito complexas. Algumas descrições podiam estar mais estruturadas mas tirando isso a escrita é tão dinâmica, interativa com a história, que é um livro tão fácil de ler. Não temos momentos com descrições gigantescas de um lugar ou um momento, temos descrições que vão aparecendo aqui ou ali, fazendo parte da história, não estando soltas. Ou seja temos a visualização de tudo no momento certo sem ficar entediado.
E está de tal forma tão impregnada na história que mesmo descrições dos rituais que faziam, como matar animais e banhar se em sangue, aquilo é de tal forma escrito banal, que não provoca choque. Pelo menos em mim, eu li e não fiquei enojada nem chocada. Mas também não fiquei chocada com a revelação que acontece depois, ou seja posso estar a ser influenciada pelo filme. Ler um livro depois do filme não é mesmo nada a melhor das sensações.
Quem participou na leitura? Gostaram?
Sinceramente,