O que tenho lido #34
Este fim de semana li "Uma mentira mil vezes repetidas" de Manuel Jorge Marmelo. Foi uma leitura para o Book Bingo Leituras ao Sol 2 e Ler os nossos 3ª edição. Coincidência, participar no Ler os Nossos, com um livro que ganhei na 2 edição deste projeto de leitura.
Quando vi a disposição do texto nas páginas pensei que seria um livro com crónicas ou pequenos contos sem ligação. Depois de ler o primeiro e segundo capítulo ainda assim fiquei convencida. No entanto à medida que vamos lendo e avançado mais na história, percebemos que todo este livro, é como dizia Goebbels, uma mentira tanta vezes repetida que acaba por se tornar verdade.
Todo este livro ronda à volta do labuto que o narrador tem para inventar um livro, com um autor inventado, e com personagens inventadas, tudo para parecer intelectual e ver as reacções das pessoas nos transportes públicos. É uma verdadeira metáfora do ditado "são precisas muitas mentiras para sustentar uma". Mostra o trabalho em que nos dedicamos e nos focamos muitas vezes para manter uma mentira, que tal como uma praga, vai-se alastrando e temos que sustentar todas as bocas que essas mentiras esfomeadas precisam para se nutrir. O narrador, cria o autor e toda a vida do autor, tendo para isso realizado uma pesquisa histórica para os factos coincidirem, cria personagens secundárias que fazem a ponte para atualidade do autor, e cria todo o mundo do livro que o autor inventado gerou. Assim , não querendo ser escritor e ter o trabalho de gerar um livro, ele criou o naúfrago para preencher a ilha deserta que é a o mundo que criou.
Foi um livro que me obriguei a ler. Primeiro para sair fora da minha zona de conforto, segundo para participar no Ler os Nossos porque sabia que não ia ter tempo para ler Os Maias a tempo, e terceiro, porque ao longo do livro, que tem um narrativa com uma velocidade que nem é monótona mas nem é acelarada, continha excertos geniais. Marquei algumas páginas e alguma frases vão para o meu cadernos das frases, que falam acerca do que é ser escritor ou mesmo sobre certas condições humanas. No entanto a velocidade de leitura não é das melhores, estamos constantemente a ver repetições de certas partes da história do qual parte para outra mentira. E não saimos deste enredo, até ao último capítulo que de uma forma abrupta cai na realidade.
Foi uma leitura forçada e que nem sempre podemos ter boas surpresas.
Sinceramente,