Um dos muitos dons que os livros têm é de nos colocar a pensar, e colocar em questão muitas das coisas que já tinhamos como certas. De momento estou a deliciar-me com " The Broken Wheel's readers recommend", e das várias experiências fora da minha zona de conforto que fiz este ano, acho que me tornei uma fã de chick lit.
A personagem principal nesse livro abre uma livraria. E, esse pequeno gesto diz-me muito. Há anos que eu falo de querer abrir uma livraria, com livros novos, livros velhos, confortável, com locais para ler e encontros de clubes literários com mantas, café e scones. E não é só porque é trend agora. Embora numas das minhas teorias da conspiração pense que o marketing está feito para, como nos filmes, temos épocas em que somos inundados várias modas para pegar e mover assim o comércio, a verdade é que por vezes essas modas fazem nos descobrir paixões. Eu já tinha esta paixão há muitos anos, nunca a tinha era refinado tão bem.
Mas a vida arranja-me desculpas, que eu uso facilmente e nunca me debrucei a sério sobre o assunto.
Falava deste meu sonho com o meu namorado, e ele respondeu que, infelizmente, isso já não dá. As livrarias grandes, e online já servem o seu propósito melhor que uma livraria perdida no meio de uma cidade (isto porque eu já não coloco em questão no meio de uma aldeia que na minha cabeça até faria muito mais sentido, alimentar a alma de quem não tem tão fácil acesso).
Contudo eu contrapus: para mim como compradora e leitora, faz me falta o atendimento personalizado. Não sentem isso? Hoje em dia com os serviços processados e criados para as vendas serem mais rápidas e facéis, não passamos de um número, de um nome e de uma linha no processamento das vendas. Sinto falta de um atendimento com uma pessoa, que fale comigo. Que me surpreenda, que me dê uma opinião ou uma sugestão. Quando vão comprar um carro, não se sentem mais seguros quando falam com um vendedor que vos sabe explicar para o vosso modo de vida, qual o melhor carro, tendo em conta a motorização, combustivel e acessórios que o carro tenha? Eu sinto falta disso com os livros. Sinto falta de me dizerem se gostas de fantasia porque não ler este autor? E olha saiu este livro está muito bom porque o autor parece mesmo que se inspirou muito neste clássicos da fantasia, etc.
Meu namorado respondeu muito prontamente " És a primeira pessoa que ouço dizer isso". Pois ele não fala com muita malta que leia livros, e ele confirmou "porque vocês são um nicho muito pequeno".
Seremos? Nós leitores compulsivos que temos necessidades de estar sempre a enchar as nossas prateleiras, somos tão poucos ainda que não fazemos força em termos comerciais? E a falta de personalização nas vendas, está se a torna num luxo, em que só em certas nichos altos é que existe, e que as pessoas pagam?
Não consigo deixar de pensar, que sinto pena. Pena porque estamos a acelerar tanto o nosso modo de vida, que por muito que queiramos ser únicos e diferentes, não nos tornamos nada mais que um número, um dado, uma estatística. E tenho pena, que os livros não tenham o cuidado que deviam ter, nem a força para mover o mundo.
Parece que foi há muito. Entramos na semana que menos gosto do ano. A primeira de Janeiro. A primeira do ano novo. Aquela que tem muita esperança e muita novidade. Mas que para mim é cinzenta. Aquela magia, aquela janela de nostalgia, bondade, corações cheios, amizade, familia, desaparece, e voltamos todos à nossa máscara rezingona que fica um pouco mais amena durante o Verão.
2017. Aquele ano que tenho a sensação, que a maior parte das pessoas não correu como queria mas o que cosneguiu atingir encheu o coração, tenha sido um filho, uma viagem, uma acção pequena do dia-a-dia, qualquer conquista digna de entrar no nosso hall das taças dos campeonatos pessoais.
Nos meandros das minhas leituras, consegui ver que a maior parte das pessoas diz que foi um bom fim do ano. E aos poucos fui chegando à conclusão do seguinte: aos poucos acho que estamos todos a perceber que para sermos mesmo felizes, é preciso muito pouco.
2017 não foi o meu ano perfeito. Tinha ideia de chegar ao fim de 2017 com uma conquista boa conseguida a nivel pessoal e a nível profissional. Posso, falando português, dizer que fiquei na cepa torta. Não avancei muito, até posso dizer que andei para trás e tive que caminhar muito para chegar ao ponto onde estava. Mas digo que cheguei bem, feliz ao final do ano. Conclui que a pressa é minha inimiga, que os sonhos são bons mas o que conta mesmo é a viagem, e que temos de estar atentos à nossa volta porque aí é que está o que é nosso, o que é bom e o que nos faz feliz.
E vejo à minha volta, caras cansadas, almas pesadas, e mãos contorcidas da luta, mas vejo olhos cheios de esperança e amor. Sonhos para cumprir e conseguir sem nunca esquecer quem somos.
Desejo que em 2018 não deixem de ser vocês mesmo que todos vos contradigam. Sejam TU, eu vou ser SOFIA.
Esta semana iniciei o curso de bordados. Não foi de todo o que estava à espera, vai ser maior do que pensava, e o que me interessa só vai começar em Janeiro. Mas já aprendi muitas curiosidades e penso que vou aprender muitas mais coisas interessantes.
Na primeira sessão, fizemos aquela apresentação cliché que eu odeio: nome, quais os nossos objetivos, sonhos e porque fomos para aquele curso. Lá me apresentei que sou a Sofia formada em biologia a trabalhar como administrativa e técnica de contabilidade, quero viajar muito e quem sabe abrir um espaço meu porque sempre gostei de manualidades daí ter ido para o curso e o meu sonho de vida é publicar um livro de ilustração. Várias pessoas queriam abrir um espaço, viajar, aprender. Mas outra metade, e somos uma turma de 22, o sonho de vida era só ser feliz com a familia ver os filhos crescer. Não tinham mais nenhum objetivo.
A minha questão prende-se aqui: é triste porque não têm mais ambições na vida, ou são mais felizes porque na realidade para sermos felizes precisamos de muito pouco? Podia correlacionar com estereotipos de estilos de vida e formação, que existe uma correlação, mas também será esse tipo de vida que faz com que seja mais simples e feliz? Deixo-vos aqui a pergunta para este fim de semana.
Eu, na minha humilde opinião, acho que um sonho, é um coração cheio de esperança, e uma cabeça cheia de ideias.
Quando olho para tudo o que aconteceu este ano, parece que o inicio de 2017 é uma ilusão óptica. Simultaneamente parece que ainda estou no inicio porque passou tudo tão rápido, mas à medida que desdobramos o tecido temporal, os eventos são tantos que o inicio parece uma miragem.
Não é tudo rosas. Tem dias que ainda estremeço, encolho, que tenho medo do que virá ( e do que não virá). Mas penso, e digo para mim várias vezes "Tu consegues". Tento aos poucos agarrar aquela Sofia que há uns anos vivia dentro mim. Quando me sinto perdida e não sei para que sitio me virar, penso com calma se este caminho não for certo, outro caminho aparecerá. Voltei a bons hábitos, a gerir o tempo, a fazer o que quero sem ter medo de falhar, e de me forçar a conseguir sem pressão. Tudo a seu tempo. Voltei a ler, a bordar, a escrever, a arraiolos, a caminhar, ao yoga, a ver séries (só me falta perder o medo de voltar a pegar no pincel). Voltei aos pequenos momentos que me dão sanidade, que me fazem respirar, sorrir, atrever-me a sonhar e lutar. Perdi o medo de mostrar o EU. Sim, não tenho medo de dizer quem eu sou em pleno pulmão, e sabem o que isso me tem mostrado? Que sou coisa que valha e que tem valor para outros.
Não é tudo rosas. Com a fase em que estou, um passo errado pode fazer o esforço ter sido em vão, mas eu não vou desistir. De tudo que tenho conseguido alcançar, aquilo que me mais me faz feliz, que me deixa finalmente com... esperança, é que ganhei VONTADE. Vontade de sonhar de novo, vontade de querer fazer, vontade de querer voltar à luta. Já não tenho medo de esperar que um dia talvez vá fazer aquilo.
Não é tudo rosas. Não correu tudo como esperava, aliás este ano tive muitas desilusões. Amigos que seriam amigos afastados, as expectativas no emprego não correspondem ao que eu esperava, e nem na saúde tudo se resolveu. Tinha ideias de neste momento, já ter resolvido muito dos problemas mas não consegui, estou a ganhar outras valências e outra forma de ver a vida. Consegui outras coisas melhores, e mais conseguirei. Sim posso dizer que tenho inveja quando ouço outras pessoas a falar, quando vejo o que têm no dia a dia. Mas depois olho para mim e penso "Ok não tenho aquilo: um emprego de sonho, hobbies de sonho, e uma vida feliz. Mas tenho o que eu sou e isso vale ouro". Não vou mentir, resolvia muito problema ter um emprego bom mesmo que isso implicasse trabalhar (perceberam?), mas o que tenho é bom, podia estar pior e mais tarde hei-de conseguir algo. Planos não me faltam, tenho é que os meter em acção. Quem sabe, depois de tanto plano falhado para um negócio próprio vou conseguir mesmo ter um que seja meu. Dizem " Quem muda, Deus ajuda", eu queria ajuda mas com as duas mão atadas não consigo. Mas eu hei-de dar um pé para me ajudarem a levantar nem que seja virado do avesso.
A vida é mesmo assim dá com uma mão e tira com a outra. Para quem lê fantasia, já ouviu muitas vezes a frase " A magia tem sempre um preço", e a magia da vida paga-se: se queremos ter luz na nossa vida, temos que ter escuridão à sua beira. É assim que tenho encarado as partes más da vida, como um jardim que quando deixado ao seu rigor, evolui num climax natural e desorganizado, confuso por vezes; mas quando olhamos a cada detalhe do jardim, está cheio de plantas fortes, perpétuas, robustas e delicadas, e autênticas e encontramos as flores mais lindas e raras que tornam aquele jardim único
Não é final do ano para estar a fazer resumo, mas tive mesmo que deitar cá para fora. Para o final do ano terei outro texto parecido.
Sinceramente,
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Sou a Sofia Gonçalves. 29 anos. Curiosa sem fim, exploradora de livros, advogada de boa comida, gestora de estados ansioliticos, caçadora de sonhos, escriba escrava da palavras da minha cabeça, pajem dos meus animais.