No rescaldo das festas da Senhora da Agonia, a cidade foi limpa pelo mau tempo. A cidade que nestes dias encheu-se de gente, cor e música, mas também muito lixo, foi limpa pela chuva que teimou em vir e ficar. A chuva prejudicou algumas actividades como a procissão de terra, mas ainda assim houve a famosa serenata de fogo de artifício, que termina sempre com a frase "Viana é Amor" na ponte Eiffel. Acabei as festas cansada, mas sempre com um sorriso na cara independentemente do que tenha corrido mal.
Este ano em teoria a organização ia ser mais exigente no que toca a rigor no trajar. Na mordomia, obrigaram a levar fotos, telefonaram a dizer o que estava mal trajado, foi sempre colocada a questão do ouro, nada de "babete", de forma a que os cordões e colares saíssem sempre do pescoço (que é o sitio de qualquer colar!). Depois no cortejo também houve alguma complicação, embora mais leve. No dia da mordomia, limparam maquilhagem ajeitarem aventais, mas ainda assim havia o famoso verniz de gel que é uma coisa muito tradicional, havia o rimel ou mesmo a pestana postiça, havia o risco no olho. Mas pior ainda é mesmo no cortejo, as misturas de trajes tradicionais que para mim é uma abominação do valor etnográfico do traje vianense. Na mordomia, ouvi uma senhora da organização a dizer " mas que estamos nós aqui a fazer aqui se vocês não obedecem?" sendo que colocou esta questão porque só queriam algumas pessoas a ouvir o presidente da câmara. Mas a organização que sei que têm muito trabalho e tem que se louvar esse trabalho, tem que pensar no valor da tradição que é o cerne desta festa.E eu penso se uma formasimples: está mal não vai.
Mas tirando estas questões que eu considero todos os anos, e já nem ligo porque, é perca de tempo para mim (mas eu sou assim um pouco para o ranhosa) a festa é sempre boa, é sempre linda e é sempre alegria. As mulher vianenses que têm uma beleza única, cheias de brio, chieira e orgulho, desfilam pela cidade, seja no cortejo ou seja fora. É tempo de celebrar com os amigos e amizade, é tempo de celebrar os laços que ficam doirados com a festa. É tempo de festejar com a família que pode tomar várias formas. Muitos bombos, muitas gaitas e acordões, muitos ranchos e danças, muitas saias rodadas, muitos lenços, muito ouro, muito rir e celebração. Este ano para além da mordoma de festa do cartaz que era linda e simpática, tivemos como participante da festa a atriz e realizadora Melânia Gomes, que viveu em Viana alguns anos e veio revelar o seu lado vianense, também muito simpática!
Aqui deixo várias fotos, muitas comigo e com a Fairystyle, da mordomia e do cortejo. E caso tenham visto as reportagens da TVI eu apareci nas duas: tanto do cortejo como da mordomia (eu tenho que me gabar ehehehe).
E não podia faltar a foto do pézinho e a meiazinha! Para o ano que venham mais! E voltarei em Setembro nos esquemas normais do blog.Sinceramente,Sofia G.Imagens: da minha autoria, excepto as imagens marcadas, por isso caso queiram alguma imagem por favor, peçam antes, respeitando assim os direitos de autor.
O mês de Agosto chegou, o mês de ouro de Viana do Castelo! Como sabem sou uma vianense de ginja, tenho orgulho desta cidade (embora tenha muita coisa que não sou a favor, mas nada é perfeito não é mesmo?), e por isso, como uma tradição familiar e grande gosto meu, sempre participei nas festas tradicionais desta cidade, que são a maior romaria do país, realizadas como forma de devoção à Senhora da Agonia. As festas são festejadas neste mês por volta do dia 20, feriado municipal, e que para mim são um grande marco no ano. Sempre fui às festas, e maior parte como participante no(s) cortejo(s), com vários trajes tradicionais de Viana, nomeadamente o meu fato de domingar. Por aqui já falei bastante das festas de Viana, mas nunca falei dos trajes em si. Não sou nenhuma expert, nada disso, sou só uma simples curiosa, e que por ser Vianense e adepta das festas da Senhora da Agonia, possuo algum conhecimento de causa. Existe toda uma dissertação criada à volta dos trajes tradicionais, e por isso, existe bastantes opiniões, com justificação, sendo que o que sei hoje amanhã poderei saber muito mais. Portanto será só um resumo breve, com algumas fotos minhas, mas que partilharei com muito gosto o que há de tradicional na minha cidade.
Os trajes de uma forma geral dividem-se em duas categorias: trajes de festas e trajes de trabalho. Se analisarmos isso, hoje em dia as categorias não mudaram muito! Mas aqui os trajes também indicavam o estatuto social da pessoa, estatuto esse incrementado pelo ouro usado pela senhora. Os trajes do homens não são muito variados. Hoje vou falar dos trajes de trabalho, para o post não ser muito extenso.
TRAJES DE TRABALHO
Os trajes de trabalho, são trajes que como o próprio nome indica, eram trajes usados para o trabalho no campo, na casa, mas que também serviam para domingar, namorar, ir à missa, etc. Esta diferença é demarcada, no trabalho da saia e do avental. Regra geral, o fato de domingar/namorar/ir à missa era um traje mais arranjado que o do trabalho, o avental era mais trabalhado, de tear, a saia que geralmente é de linho com barra azul ou vermelha ou preta, pode também ser avergastada. A camisa de linho é a camisa branca enriquecida com bordado. O colete, de trespasse ou não, que tem de ser da cor da barra da saia e do avental, pode ser bordado ou não, simples ou com tecido com motivos florais, o designado tecido chita, e a algibeira, sempre do lado direito, também tem de combinar com o colete. O lenço na cabeça, terá que ter também os mesmos tons que o colete. O traje de trabalho, dependendo da zona de Viana, e também da própria estação do ano, pode ser mais simples, com um avental simples de pano, com casaco de faldrilha, camisa de tecido simples ou com motivos florais, botas de couro, um lenço na cabeça, e chapéu de palha. O lenço poderá ser preso de várias formas, sendo a mais usada na minha opinião, preso em cima. Na pernas usa-se a chamada perneira, que é uma meia de tricot sem pé, branca, e no pé usa-se socos, embora nalguns casos se considere que pode-se usar chinelas pretas simples, como no caso de ir à missa, ou namorar.
O homem usa camisa branca de linho simples, com calças de linho castanhas, brancas ou pretas, com uma barra preta na barriga. Também usam socas de couro mas castanhas, enquanto as das mulheres são pretas. Nalguns casos tenho visto os homens vestidos com camisas brancas bordados a vermelho e lenço vermelho. Não consigo confirmar se é o fato correto mas, para mim esse fato associo ao traje de festa do homem (que veremos no próximo post). É uma questão a limar as arestas.
Quando ao ouro, como se é de esperar, a mulher não usava muito ouro, uma vez que está a trabalhar, só levará um fio ou outro, com alguma peça, nomeadamente a libra ou a cruz. Poderá no caso da missa ou de namorar levar mais uma peça ou outra, mas estes trajes de trabalho não podem ter muito ouro.
Este ano lá estarei com o meu fato de domingar no cortejo, com um upgrade. Tem que ser, uma vez que também é só durante esta época do ano que ele sai da mala, e tem uso. No próximo post falarei dos trajes da festa, dos traje ricos.
Sinceramente,
Sofia G.
Imagens: da minha autoria, excepto as imagens marcadas, por isso caso queiram alguma imagem por favor, peçam antes, respeitando assim os direitos de autor.
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Sou a Sofia Gonçalves. 29 anos. Curiosa sem fim, exploradora de livros, advogada de boa comida, gestora de estados ansioliticos, caçadora de sonhos, escriba escrava da palavras da minha cabeça, pajem dos meus animais.